PARADIGMAS DA CAPOEIRA
O que serve de exemplo geral ou de modelo.
Normas
orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que
Determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites.
“Estamos andando em círculo, não vamos chegar a lugar nenhum.”
Com todo respeito aos nobres companheiros, peço
licença para fazer as seguintes considerações, a fim de servir como motivação para
quebrar alguns paradigmas na capoeira.
1. UNIÃO – A capoeira nasceu desunida e assim deve
permanecer. O valor da capoeira está na capacidade do capoeirista conviver e se
superar nas adversidades.
União na capoeira é
uma utopia. Em nenhum momento da história da humanidade o homem foi unido.
O que precisamos é de
tolerância, compreensão, amizade, respeito e educação entre o nosso povo.
2. INDIVIDUALIDADE - A capoeira têm todos os seus golpes, movimentos e condutas
individualizadas.
Os grandes
capoeiristas ficaram conhecidos por suas condutas e façanhas individualizadas.
Por que temos que fazer competição com disputas diretas em
duplas ou jogos, com julgamentos individualizados?
Observem, que o mundo
todo quer ver o homem mais rápido do planeta.
Nessa prova de atletismo é o homem superando os seus próprios
limites, sem causar qualquer tipo de dano físico ou moral ao seu adversário na
pista.
Penso que é hora de buscarmos outras formas de competições,
se quisermos ter público e patrocinadores e compreensão da sociedade.
3. CARACTERÍSTICAS - A capoeira precisa ter características técnicas.
Sem características
técnicas estabelecidas não vamos ter condições de avaliar com imparcialidade
nada.
Nem graduação, nem
estilo, nem nomenclatura e nem muito menos formas de competições.
4. ENTIDADES - A capoeira tem as suas entidades constituídas dentro de um sistema
democrático de
direito.
Reclamar de má gestão das entidades é transferir
responsabilidade.
Se todos os capoeiristas exercessem os seus direitos de
fiscalização das entidades, os problemas seriam minimizados e não passariam de
uma má gestão.
No entanto deixamos o tempo e os problemas passarem tornando-os
quase impossíveis de serem reparados.
Com a nossa omissão ficamos criticando e apontando os erros e
esperando que alguém faça por nós o que é nosso dever.
5. SUSTENTABILIDADE - A capoeira não tem nenhuma entidade com recursos
próprios para sua sustentabilidade.
Enquanto não tivermos entidades com autonomia e
sustentabilidade financeira estaremos sempre esperando a boa vontade dos
poderes constituídos.
6. NOMENCLATURA – É um vocabulário e não deve servir de
motivação para alegar falta de união na capoeira.
Pelo contrário, deve
servir para aumentar a diversidade cultural da capoeira.
Cada um pode usar os nomes e sinônimos identificando os
golpes e movimentos da capoeira de acordo com o conhecimento de cada liderança.
7. GRADUAÇÃO - A graduação não deve impedir a união da capoeira sob qualquer aspecto
que queiramos
admitir.
Se implantarmos um sistema de avaliação padrão
com observâncias das características de cada técnica e estilo, tudo fica mais
fácil e simples para reconhecer e valorizar o capoeirista.
Observe, como identificamos as pessoas das
diversas etnias?
Muito simples, basta
observarmos as características que saberemos definir e identificar cada pessoa dentro
da sua raça. Não é verdade!
8. COMPETIÇÃO - A Capoeira precisa ter um sistema de competição simples.
Enquanto fizermos competições com decisões
subjetivas, nunca vamos ter público entendendo o que se passa numa competição.
Digo isso pelas pesquisas de Campos feitas em
vários sistemas de competições.
Ou encontramos um modelo simples e objetivo ou
nunca, ESTOU DIZENDO NUNCA, vamos ser compreendidos pelo público e sociedade.
Nem muito menos teremos a mídia interessada em
transmitir competições exaustivas, enfadonhas e repetitivas que só agradam
alguns capoeiristas.
Sem romantismo, quem tiver dúvida do que estou
falando é só fazer pesquisas de campo nas diversas formas das competições
realizadas mundo a fora.
9. MODISMO – Os atos de incorporar, adaptar movimentos, golpes, equilibrismo,
contorcionismo, saltos, floreios e o famigerado
argumento de “jogar com” vai matar a essência da capoeira.
O Capoeirista, individualmente,
sempre utilizou a capoeira como instrumento de luta contra o seu opressor, a
escravidão, a tirania, a covardia e sempre guerreiro lutando por dias melhores.
Num passado não muito
distante, fazíamos capoeira na Bahia com simplicidade, na rua, sem graduação,
sem nomenclatura, sem dinheiro, sem instrumentos, sem mestres, sem leis, sem
entidades, sem maiores conflitos. Simplesmente pela alegria e o prazer de ser
capoeirista.
10. PREVIDÊNCIA – O capoeirista sem um sistema de previdência estará
sempre desprotegido no futuro e sem uma expectativa
de vida digna.
Se pretendemos deixar
as gerações futuras de capoeiristas com uma velhice com mais digna, precisamos
conscientizá-los da necessidade de empenhar esforços para que a previdência
seja uma preocupação constante no dia-a-dia da capoeira,
Vamos acabar com o
estigma de que o capoeirista deve terminar os seus dias em condições precárias
de sobrevivência.