8 de ago. de 2016

PARADIGMAS DA CAPOEIRA

O que serve de exemplo geral ou de modelo.
Normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que
Determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites.

“Estamos andando em círculo, não vamos chegar a lugar nenhum.”


Com todo respeito aos nobres companheiros, peço licença para fazer as seguintes considerações, a fim de servir como motivação para quebrar alguns paradigmas na capoeira.

1.    UNIÃO – A capoeira nasceu desunida e assim deve permanecer. O valor da capoeira está na capacidade do capoeirista conviver e se superar nas adversidades.

União na capoeira é uma utopia. Em nenhum momento da história da humanidade o homem foi unido.

O que precisamos é de tolerância, compreensão, amizade, respeito e educação entre o nosso povo.


2.    INDIVIDUALIDADE - A capoeira têm todos os seus golpes, movimentos e condutas individualizadas.

Os grandes capoeiristas ficaram conhecidos por suas condutas e façanhas individualizadas.

Por que temos que fazer competição com disputas diretas em duplas ou jogos, com julgamentos individualizados?

Observem, que o mundo todo quer ver o homem mais rápido do planeta.

Nessa prova de atletismo é o homem superando os seus próprios limites, sem causar qualquer tipo de dano físico ou moral ao seu adversário na pista.

Penso que é hora de buscarmos outras formas de competições, se quisermos ter público e patrocinadores e compreensão da sociedade.


3.    CARACTERÍSTICAS - A capoeira precisa ter características técnicas.

Sem características técnicas estabelecidas não vamos ter condições de avaliar com imparcialidade nada. 

Nem graduação, nem estilo, nem nomenclatura e nem muito menos formas de competições.


4.    ENTIDADES - A capoeira tem as suas entidades constituídas dentro de um sistema democrático de 
direito.

       Reclamar de má gestão das entidades é transferir responsabilidade.

Se todos os capoeiristas exercessem os seus direitos de fiscalização das entidades, os problemas seriam minimizados e não passariam de uma má gestão.

No entanto deixamos o tempo e os problemas passarem tornando-os quase impossíveis de serem reparados.

Com a nossa omissão ficamos criticando e apontando os erros e esperando que alguém faça por nós o que é nosso dever.


5.    SUSTENTABILIDADE - A capoeira não tem nenhuma entidade com recursos próprios para sua sustentabilidade.

Enquanto não tivermos entidades com autonomia e sustentabilidade financeira estaremos sempre esperando a boa vontade dos poderes constituídos.


6.    NOMENCLATURA – É um vocabulário e não deve servir de motivação para alegar falta de união na capoeira.

Pelo contrário, deve servir para aumentar a diversidade cultural da capoeira.

Cada um pode usar os nomes e sinônimos identificando os golpes e movimentos da capoeira de acordo com o conhecimento de cada liderança.


7.    GRADUAÇÃO - A graduação não deve impedir a união da capoeira sob qualquer aspecto que queiramos
admitir.

Se implantarmos um sistema de avaliação padrão com observâncias das características de cada técnica e estilo, tudo fica mais fácil e simples para reconhecer e valorizar o capoeirista.

Observe, como identificamos as pessoas das diversas etnias?

Muito simples, basta observarmos as características que saberemos definir e identificar cada pessoa dentro da sua raça. Não é verdade!


8.    COMPETIÇÃO - A Capoeira precisa ter um sistema de competição simples.

Enquanto fizermos competições com decisões subjetivas, nunca vamos ter público entendendo o que se passa numa competição.

Digo isso pelas pesquisas de Campos feitas em vários sistemas de competições.

Ou encontramos um modelo simples e objetivo ou nunca, ESTOU DIZENDO NUNCA, vamos ser compreendidos pelo público e sociedade.

Nem muito menos teremos a mídia interessada em transmitir competições exaustivas, enfadonhas e repetitivas que só agradam alguns capoeiristas.

Sem romantismo, quem tiver dúvida do que estou falando é só fazer pesquisas de campo nas diversas formas das competições realizadas mundo a fora.


9.    MODISMO – Os atos de incorporar, adaptar movimentos, golpes, equilibrismo, contorcionismo, saltos, floreios e o 
famigerado argumento de “jogar com” vai matar a essência da capoeira.

O Capoeirista, individualmente, sempre utilizou a capoeira como instrumento de luta contra o seu opressor, a escravidão, a tirania, a covardia e sempre guerreiro lutando por dias melhores.

Num passado não muito distante, fazíamos capoeira na Bahia com simplicidade, na rua, sem graduação, sem nomenclatura, sem dinheiro, sem instrumentos, sem mestres, sem leis, sem entidades, sem maiores conflitos. Simplesmente pela alegria e o prazer de ser capoeirista.


10.     PREVIDÊNCIA – O capoeirista sem um sistema de previdência estará sempre desprotegido no futuro e sem uma 
expectativa de vida digna.

Se pretendemos deixar as gerações futuras de capoeiristas com uma velhice com mais digna, precisamos conscientizá-los da necessidade de empenhar esforços para que a previdência seja uma preocupação constante no dia-a-dia da capoeira,


Vamos acabar com o estigma de que o capoeirista deve terminar os seus dias em condições precárias de sobrevivência.






 
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