UM MOMENTO DE REFLEXÃO

Depois de alguns dias após aquela reunião algo ainda me incomoda, por isso resolvi expor meu pensamento, pois bem:  

Durante a realização da Festa da Capoeira, na Cidade de Salvador/BA, na programação do dia 27/08/2011 tive a oportunidade de participar da assembléia de fundação da cooperativa de capoeira da Bahia, que foi convocada pelo MESTRE CAMISA ROXA,  que na oportunidade apresentou sua proposta para construir um movimento em prol da capoeira da Bahia e não somente de lá, mas sim da capoeira como um todo. No entanto o que se observa é que as partes interessadas, ou que deveriam ter algum tipo de interesse, não fazem questão alguma de que a capoeira saia de onde está eles preferem que continue na mesmice,  com a falta de condições e de reconhecimento, e fazem questão de desviar o foco do assunto principal para lavar "roupa suja".

Ao invés de discutirem onde temos que melhorar perdem tempo acusando uns aos outros por  erros e interesses pessoais; alguns pensam estar acima do sistema  e não necessitar da capoeira para sua sobrevivência, tem seus próprios recursos financeiros oriundos de sua formação acadêmica, por isso não se importam com nenhum tipo de organização ou mesmo um futuro para a capoeira. Tratam sua (arte) como uma coisa despretensiosa e outros dizem que devemos caminhar mais devagar  e, também, há quem diga que não faz nada por dinheiro, mas quando ele foi citado, causou alvoroço e discórdia entre os envolvidos, muitos querendo ser reconhecidos por coisas que ainda estão por fazer ou que fizeram com muita má vontade, esperando ser vangloriados por seus atos.

Mas ainda bem que tem gente sensata, que por não agüentar mais aquela ladainha mal cantada, interferindo disse: vamos voltar ao que interessa e o que não interessa conversamos outra hora, merecidas foram às palmas ao orador destas palavras.

Meu pensamento diante de tudo o que vi e ouvi é que se os representantes da capoeira continuam com suas mentes hipócritas, nunca chegarão a lugar algum, estarão sempre enrolados em um novelo e cada um puxando uma ponta. Se os próprios capoeiristas enxergam a capoeira como uma coisa sem valor, como uma sociedade organizada que evolui a cada instante nos verá? Ver-nos-á como desocupados! Muitos ainda carregam nas costas o nome do Mestre Bimba, alguém que revolucionou a capoeira de sua época, mas e o que os seus discípulos estão fazendo? Evoluindo, como ele disse e deixou escrito? Não, vamos deixar tudo como está que assim está bom, o que Bimba fez está ótimo, vamos preservar isso para que ninguém mexa!

E para os que dizem que temos que ir devagar, acordem para a vida, já estamos tão atrasados  que daqui a pouco estaremos expostos em algum museu pelo mundo, tratados como fósseis, algo que ficou tão parado que morreu e preservou sua forma original por milhões de anos.

Se eu não conhecesse um trabalho organizado, com objetivos e compromissado em elevar a capoeira, com certeza, depois deste encontro, deixaria de praticá-la, pois, cada atitude que tomamos no nosso presente reflete imediatamente no nosso futuro e eu pergunto a cada um dos mestres que estiveram nesta reunião: Qual o futuro da capoeira?

 
Gostaria ainda de lembrar que há pouco tempo venho acompanhando o crescimento de outras artes marciais, algumas delas com resultados significativos no que tange a sua procura nas academias, vocês sabem o que essas lutas fizeram para terem seu reconhecimento? Deixaram de caminhar, cada escola, com suas pernas, se organizaram, criaram competições, impuseram regras que foram votadas pelos interessados e agora estão colhendo os frutos  de um trabalho bem estruturado.

Espero que este pensamento contribua para o crescimento e evolução da capoeira e que sirva de reflexão para os representantes desta arte.

Professor Rafael da Capoeira Iuna em Cascavel/PR